segunda-feira, 16 de março de 2015

Ata do Colóquio Científico do Observatório de Histórias em Quadrinhos - realizado em 06 de março de 2015




Em seis de março de dois mil e quinze, ocorreu o segundo Colóquio do Grupo de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos da ECA-USP do ano, reunindo pesquisadores, professores e estudantes com interesse no debate sobre a Nona Arte sob a coordenação do Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro. A reunião ocorreu dentro da programação da SEMANA DE EDUCOMUNICAÇÃO e contou com apresentação dos alunos Natália Sierpinsk, Adriano Leonel e Danielo Reis sobre EDUCOMICS. Iniciada às 19h30min, nas dependências do Prédio Central da Escola de Comunicações e Artes, Sala 211 (auditório), o Observatório estava representado por Roberto Elísio dos Santos, Nobuyoshi Chinen, André Oliveira, Douglas Pigozzi, Gazy Andraus, Moisés Baptista,  Regina Behar, Maurício Kanno, Washington Luiz dos Santos, Valéria Yida, Simonia Fukue Nakagawa, Bianca Agarie, Omar A. Sanches e Daniela Marino. Os demais presentes eram provenientes dos cursos de comunicação da ECA e Rádio e TV da FMU. Dando início às apresentações, os veteranos do curso de Educomunicação da ECA versaram sobre as aplicações pedagógicas das HQs e convidaram os novos alunos a participarem dos encontros do grupo, disponibilizando inclusive o acervo pessoal de gibis compartilhado por Adriano e Danilo. Embora a ECA já conte com um grupo de estudos de Histórias em Quadrinhos, formalizado pelo Observatório, o grupo idealizado pelos 3 alunos e batizado de Educomics já vem realizando encontros para debater temas relacionados ao uso das HQs em sala de aula semanalmente. Danilo apresentou as possibilidades encontradas nas histórias de Allan Moore, enquanto Adriano reforçou o convite aos alunos para que participassem do grupo e falou sobre os objetivos do Educomics, divulgando também a página no Facebook que serve como uma extensão do projeto para que sejam debatidos tópicos pertinentes aos temas propostos e Natália falou sobre os projetos acadêmicos que podem surgir a partir das HQs, usando como exemplo um artigo que está escrevendo sobre o papel da mulher em uma história da Jean Grey de X-Men. O professor Waldomiro Vergueiro foi o convidado especial do curso de Educomunicação para falar sobre a relevância dos estudos sobre Quadrinhos e de como é importante que compartilhemos nossas experiências em eventos como estes. Ressaltou que tanto o Observatório como o Educomics só têm a crescer com a troca promovida pelos dois grupos. Seguindo a programação do Observatório, a Prof.ª e psicanalista Valéria Yida coordenou a apresentação dos capítulos 2 e 3 do livro Quadrinhos: História moderna de uma arte global, de Dan Mazur e Alexander Danner - tradução brasileira publicada pela Martins Fontes em 2014.  Valéria explicou que com o declínio dos super-heróis por volta dos anos 1970, muitas HQs underground surgiram e alguns dos desenhistas da Marvel deixaram a editora, como foi o caso de Steve Ditko (Homem-Aranha e Doutor Estranho), Jim Steranko (Nick Fury, agente da Shield) e Jack Kirby. Neal Adams estreia nos quadrinhos em 1967 com desenho acadêmico e técnica impecável. Possuía domínio da anatomia e um sombreado tracejado. Suas histórias eram ambientadas no mundo real e seus heróis eram psicologicamente mais elaborados. Ainda nos anos 70, Enemy Ace de Joe Kubert apresenta personagens mais realistas com uma narrativa sofisticada nos quadrinhos de guerra, porém, não teve o reconhecimento como Hugo Pratt em Corto Maltese, ou Jean Giraud em Tenente Blueberry. Com desenhos mais futuristas, Jack Kirby – Quarteto Fantástico e Poderoso Thor - vai para a DC em 1970 e seus super-heróis recebem ares de deuses. Em 75 retorna à Marvel. Em 1971 Gil Kane e Archie Goodwin lançam Blackmark: pequena edição em brochura, para ser vendida em livraria ao invés de bancas de jornais com ficção pictórica em preto e branco. Não há bordas dos quadros, uso de tipos no lugar da escrita à mão. Então, vieram os artistas nascidos após a 2ª guerra e que formavam uma comunidade de fãs da EC e passaram a publicar sua arte em forma de fanzines. Eles foram buscar inspiração em artistas do início do século XX das tiras de jornal, como Alex Raymond (Flash Gordon), Hal Foster (Príncipe Valente); em ilustradores de revista Howard Pyke, como Charles Dana Gibson; das revistas em quadrinhos de romance, terror e faroeste dos anos 1950 dos artistas da EC Comics, como Wallace Wood, Johnny Craig, Alex Toth, etc. A técnica usada consistia no uso de caneta de pintura e nanquim para conferir aos personagens uma anatomia clássica com o contraste de luz e sombra. Os temas giravam em torno do terror, ficção científica, espada e bruxaria. Em 1972 Berni Wrightson e Len Wein lançam o Monstro do Pântano em estilo gótico e sombrio, chiaroscuro, como um filme de terror. Em 73 Wein, juntamente com Michael Kaluta empresta seus traços expressionistas para conferir uma atmosfera noir ao clássico O Sombra, que além dos ângulos exagerados, apresentava personagens retorcidos e estilizados. Finalizando a apresentação, Valéria falou sobre o encontro do Mainstream com o Underground, pontuando os seguintes acontecimentos: 1974: Mike Friedrich, editor e escritor da DC e Marvel abre uma pequena gráfica para publicar Star Reach, antologia em p/b de FC e fantasia, lançou material novo até 1979. Nesta época: rede de lojas especializadas em quadrinhos. Trabalhos fugiram do Código de Censura aos Quadrinhos: nudez, sexo e violência podem aparecer. Ao longo da apresentação alguns colegas fizeram comentários que contribuíram para esclarecimento de questões ou complementação de informações, entre eles, Waldomiro Vergueiro, Gazy Andraus e Roberto Elísio. Para concluir o evento, o professor Waldomiro convidou todos para o próximo colóquio que acontecerá no dia 10 de abril de 2015, nas instalações da ECA – USP e eu, Daniela Marino, compartilhei que, por ocasião do dia internacional das mulheres, os artistas Hector Lima, Pablo Casado e Mario Cau lançaram uma HQ online e gratuita chamada Pão e Rosas e que pode ser conferida no link http://ficticia.org/blog/112841674211/leia-pao-e-rosas-de-hector-lima-mario-cau-e-pablo-casado. Sem mais a relatar, segue a ATA redigida por mim, Daniela Marino, e revisada por Regina Behar e Edilaine Correa, São Paulo, seis de março de 2015. 




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